(Rio de Janeiro, BR Press) - Nem só de barras de cereais e proteína em gel pode viver quem não dispensa uma dose extra de endorfina e o corpo sarado que os exercícios físicos proporcionam.
Mesmo com efeitos colaterais e contrários aos desejados, a maioria dos 310 entrevistados no estudo socioantropológico Regimes e Práticas de Saúde entre Praticantes de Academias no Rio de Janeiro, realizado pelo pesquisador Cesar Sabino, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), continuou com dietas radicais e/ou com o uso de anabolizantes. O trabalho será apresentado no 11º Congresso Brasileiro de Saúde Pública e no 8º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, que acontece de 21 a 25/08, no Riocentro.
Segundo o pesquisador, a busca pelo corpo e visual considerados perfeitos pela sociedade -- ou ao menos em parte dela -- não tem limites. "Alguns dos entrevistados continuaram e continuam com práticas. O peso da forma é significativo em nossa cultura. Não há lugar de vencedor ou vitorioso para feios e feias. A aparência, a beleza física é um capital a ser investido na busca do sucesso e da aceitação", conclui Sabino.
A pesquisa é fruto de um trabalho de campo, que serviu de base a uma dissertação de mestrado em Sociologia e uma tese de doutorado em Antropologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Centrado na questão da saúde de quem malha, o trabalho investigou frequentadores de academias de musculação e ginástica cariocas durante 54 meses, entre 1998 e 2004.
Cesar Sabino entrevistou e fotografou homens e mulheres, de 16 a 58 anos. O objetivo principal da pesquisa foi interpretar as práticas alimentares dos praticantes, situar comportamentos, atitudes e valores subjacentes à "construção social" do corpo e sua relação com a saúde. Além disto, buscou esclarecer, através da análise, a) as formas de interação e sociabilidade implicadas diretamente na "comensalidade" dos praticantes; b) analisar as normas prescritivas de alimentação do grupo estudado: o que comer ou não comer, o que beber ou não beber, o interditado e o recomendável no alimentar-se; c) procurar estabelecer relações entre essas normas e as concepções e representações de saúde -- do que é ou não saudável para os sujeitos.
Problema de saúde pública
Como resultado da investigação constatou-se que os adeptos do fitness não raro prejudicam sua saúde com dietas, suplementos alimentares e esteróides anabolizantes destinados a manter a forma física, gerando muitas vezes um efeito contrário às intenções e espectativas declaradas. Considerado o número crescente de praticantes de musculação, ginástica e outras atividades físicas, inclusive medicamente recomendadas, concluímos que o estudo de condutas alimentares deste grupo social tende a se tornar um problema de saúde pública.
22.8.06
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2 comentários:
Uma matéria dessas teria que estar em todas as academias do Brasil! Enquanto tem gente por ai que a maior preucupação e manter o corpo impecável.
Esse pessoal de academias está meio fora da realidade, nada contra academia ou fazer exercícios físicos, mas eles cultuam o corpo perfeito sarado, só assim se julgam bonitos, vejo isso como um problema psicológico.
E como diz a pesquisa ele tem uma falsa vida saudável, pois do que adianta por fora o corpo está bonito, com uma aparÊncia saudável, se por dentro há problemas por causas das dietas rigorosas, anabolizante e suplementos alimentares.
Eles são a contradição em pessoa.
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